
Através de um estudo com mais de 2000 respostas de estudantes por todo o país, a Rede concluiu que 90% dos universitários considera que a praxe teve um impacto positivo no seu 1º ano de faculdade. Este resultado pertence à Parte V – Peceção sobre a Praxe, do inquérito As Melhores Faculdades de Portugal, realizado pela Rede.
O estudo possui outras oito análises que percorrem todos os aspetos da vida universitária, podes conferi-las abaixo.
- I – Caracterização dos participantes no inquérito
- II – Localização e prestígio são fatores decisivos na escolha da faculdade
- III – 45% dos universitários já considerou/considera desistir do curso
- IV – 12% dos caloiros de 2020 têm problemas de integração na faculdade
- VI – As melhores cidades para estudar em Portugal
- VII – As melhores faculdades para estudar em Portugal
- VIII – As faculdades com o ambiente mais friendly e dinâmico de Portugal
- IX – As melhores faculdades de Portugal
Durante a apresentação dos resultados sobre a “Perceção sobre a Praxe”, encontrarás gráficos dinâmicos e estáticos. Para uma melhor interação com os dados, recomendamos que faças a análise das informações através de um computador. É possível visualizá-los num tamanho maior ao clicar no modo tela cheia no canto direito.
Reforçamos que não há dados para todas as faculdades/cursos, apenas para os que tiverem um mínimo de 10 respostas válidas. Na Parte I podes ler uma nota informativa sobre a forma de tratamento dos dados.
Como é que os universitários se sentem em relação à praxe?
A Rede analisou a participação e o sentimento dos estudantes pelas atividades praxísticas, ao perguntar aos respondentes se já participaram da praxe e qual impacto esta teve no percurso universitário.
Este gráfico interativo têm 4 janelas. Clica nas setas para ver tudo!
44% dos estudantes que entraram na faculdade em 2020 nunca participaram em praxe
Este valor é quase 4 vezes superior à média dos outros anos, revelando o enorme impacto da pandemia nesta tradição académica. Como observámos anteriormente, a maioria das pessoas – independentemente da sua participação em atividades praxísticas, vê aspetos positivos nestas atividades de integração.
Ainda que alguns estudantes defendam a sua extinção, é inquestionável que esta tradição desempenha um papel muito importante na integração dos estudantes na faculdade, com quase 80% dos estudantes que participam ou já participaram a afirmar que a praxe foi boa ou muito boa para o seu percurso académico durante o 1º ano.
No caso daqueles que são praxistas ativos, este valor sobe para mais de 90%! 70% dos estudantes que acabaram por desistir de praxe depois de a ter experimentado afirma que a mesma teve um impacto positivo no seu primeiro ano de faculdade (se clicares nas colunas/fatias dos gráficos consegues ver estes detalhes).
Ao analisar a perceção que os estudantes têm sobre este tema, conseguimos observar que mesmo os estudantes que nunca participaram em atividades praxísticas, ou que participaram, mas desistiram, associam mais palavras positivas que negativas à praxe.
Tradição, Integração, União e Amizade são palavras que mais de 50% dos estudantes associam à praxe
Ainda assim, 12,3% e 7,1% dos respondentes associam praxe a “humilhação” e “violência psicológica”, respetivamente. Apesar de estes valores corresponderem à perceção que os estudantes têm sobre este tema e, por isso, considerarem a opinião de quem nunca participou em praxe, a verdade é que pode estar aqui um sinal de alerta para os responsáveis por estas tradições. Já Ana Seabra, que entrevistámos por ocasião da missa da Bênção das Pastas, em Coimbra, advogou que a praxe deveria sofrer ajustes, focando-se no convívio e aligeirando a pressão psicológica associada.
Quando olhamos ao nível das faculdades, observamos que é a na Escola de Engenharia da UBI, na FCUL e na ESHTE que a praxe está mais bem quotada junto dos estudantes. No extremo oposto, são 3 as faculdades de Lisboa onde os estudantes têm pior perceção da praxe, com a FLUL a liderar a base da tabela. Nesta faculdade, a praxe é conotada, em mais de metade das vezes, com palavras negativas, como Humilhação, Submissão ou Violência Psicológica.
A praxe é importante para alunos deslocados, mas não só.
Apesar de os estudantes deslocados terem um nível de participação em praxe 8% superior ao dos alunos não deslocados (50% dos alunos deslocados afirma ser praxista, contra 46% dos alunos não deslocados), conseguimos entender que a praxe também é importante para quem entra no ensino superior sem ter que mudar de cidade. Afinal, trata-se sempre do início de uma nova etapa!
76,5% de alunos não deslocados que diz que a praxe teve um impacto bom ou muito bom no seu 1º ano de faculdade. Este valor é de 80,8% para alunos deslocados, uma diferença inferior a 5 pontos percentuais.
Estas diferenças mostram que sim, a praxe é mais impactante no caso dos alunos deslocados, mas igualmente importante para estudantes não deslocados.
22% dos estudantes nunca participaram em atividades de praxe
Mesmo assim, a praxe é facultativa. Por isso, quisémos entender o porquê de alguns estudantes optarem por nem sequer experimentar esta tradição originária na cidade de Coimbra.
Observamos que a maioria dos estudantes não participa em praxe ou, porque esta está suspensa/é online devido à covid ou, simplesmente, não nutre interesse por esta atividade de integração. Apenas 8% das pessoas que nunca participaram em praxe mostram repulsa por esta tradição.
Desistir é sempre uma opção. Mas porquê?
29% dos estudantes que desistiram de praxe consideram que a mesma teve um impacto negativo na sua integração. Por outro lado, 5% dos que desistiram dizem tê-lo feito por situações muito graves (abuso e humilhação), enquanto 10% reporta situações de pressão, desconforto e discordância.
Sendo indispensável assegurar que estas situações não ocorram, sobretudo as mais graves, é interessante observar que 49,1% dos estudantes que desistiram de praxe afirmam que a mesma teve um impacto bom ou muito bom na sua integração. Entre os motivos que podem explicar a desistência destes estudantes estarão, presumivelmente, a falta de interesse – também motivada pelo facto de a praxe ser online neste último ano e meio – e a elevada carga horária associada às atividades praxísticas.
Sendo a praxe um conjunto de tradições e normas, cuja continuidade é assegurada, sobretudo, pelas vivências quotidianas e passagem de testemunhos por meios informais, importa perguntar: qual o futuro da praxe?
Esperamos que este estudo e os dados apresentados motivem a reflexão por parte dos estudantes que acreditam no potencial desta tradição/atividade de integração, estimulando o debate e mudanças necessárias. Afinal, o argumento de “Sempre se fez assim” é uma falácia, uma vez que as próprias tradições são mutáveis ao longo do tempo. Muitas vezes quem defende a imutabilidade das tradições está apenas com preguiça de as adaptar às exigências atuais…
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