As férias estão aí à porta e, mais do que nunca, precisamos de descansar e de relaxar. Afinal, passamos pelo pior ano das nossas vidas!

Além dos estudos e dos exames difíceis, que fazem parte do percurso natural de um estudante, este ano tivemos que lidar com um confinamento obrigatório, com o ensino à distância e com a vida académica completamente parada. E, por conseguinte, surgiram problemas graves na saúde mental dos estudantes.

Imagem: redebrasilatual

Neste artigo olhamos para o ano que passou com a certeza que não queremos que se volte a repetir. Além disso, será que conseguíamos aguentar mais um ano destes?

 

Confinamento obrigatório — a origem do problema

Em primeiro lugar, não nos devemos esquecer que estivemos confinados no ano letivo anterior (2019/20). Por isso, existia muita esperança para que as coisas corressem melhor em 2020/21!

Mas, nada mudou! Aliás, antes pelo contrário. Quando achávamos que as coisas não podiam piorar, o número de pessoas com Covid-19 aumentava significativamente. E o resultado? Aumentavam também as restrições e, por consequência, víamos a nossa vida pessoal e académica esmorecer.

Por exemplo, não podíamos fazer uma pausa no estudo para ir beber um café com um amigo e espairecer um bocadinho do stress dos estudos. Estávamos, no sentido literal, presos entre as quatro paredes de casa!

E mesmo quando já podíamos sair de casa para beber um copo ou até ir jantar a um restaurante, as aulas continuavam a não ser presenciais.

 

As lacunas das aulas à distância

As aulas à distância têm as suas vantagens e desvantagens. Por um lado, permitem-nos acordar mais tarde para aquela aula muito cedo, não temos que apanhar chuva ou frio para ir para a universidade, não gastamos dinheiro com transportes e até podemos gravar as aulas no computador!

Por outro lado, criam um problema entre o aluno e a matéria. Ou seja, as distrações são mais fáceis e frequentes, por exemplo com o telemóvel ou com o computador; a comunicação entre professor e aluno não é tão eficaz e, por isso, pode ser mais difícil aprender e dominar a matéria.

Além disso, este ano, com as aulas à distância não tivemos oportunidade de conhecer novas pessoas, de discutir um assunto com o professor após a aula, ou de simplesmente sentirmo-nos como “alunos universitários” que se orgulham de andar pelo corredores da faculdade.

 

A vida académica sem fôlego — um dos  motivos por este ter sido o pior ano das nossas vidas

Saberão os caloiros responder à pergunta: “o que é a vida académica?” É pouco provável que saibam a resposta! E este é, sem dúvida, um dos grandes problemas deste ano letivo. Segundo o inquérito lançado pela Rede em Maio de 2021, 16% dos caloiros de 2020 e 13% dos que entraram em 2019 ponderam ou já ponderaram desistir do curso por não poderem disfrutar da sua vida académica tanto quanto gostariam devido à COVID-19.

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Afinal, que memórias vamos ter deste ano? De um jantar de curso pelo Zoom? Da última serenata que vimos no Youtube enquanto estudantes? Da tuna que nunca vimos atuar? Ou da primeira semana de caloiro que nunca vivemos? E da última queima das nossas vidas que não usufruímos?

Entre outros, são estes os momentos que ficam gravados na nossa vida. E, sem eles, somos só estudantes sem ser universitários! E isto? Fomos nós no último ano! No pior ano das nossas vidas!

 

A nossa saúde mental — um problema que não tem retorno

Podemos dizer que o último ano no que se refere ao bem-estar mental dos estudantes foi catastrófico! E isto porque fomos confinados, obrigados a ter aulas à distância, sem vida académica e sem relações sociais!

“O homem é um animal social”, Aristóteles

E este é, sem dúvida, o maior problema que vivemos durante este ano. Um problema que talvez não se resolva com umas férias relaxadas. Um problema que vive, de forma diferente, em cada um desses estudantes pelo país fora!

Isto traduz-se, acima de tudo, no aumento dos níveis de ansiedade, na falta de motivação generalizada, no stress, no medo e/ou nas perturbações no sono.

Ninguém nos preparou para este ano que merece todos os jargões que conhecemos! E o resultado foi ficarmos mais frágeis emocionalmente, termos pensado em desistir dos estudos e duvidarmos de um futuro risonho.

 

Existem dúvidas de que este foi MESMO o pior ano das nossas vidas?

Não existem dúvidas em relação a isso! E não são apenas os aspetos relacionados com a faculdade ou o seu meio que tornam este ano o pior.

Por vezes, tende-se a esquecer que os estudantes não são só estudantes, mas também pessoas! E as pessoas têm uma vida pessoal, íntima, que transcende qualquer matéria.

Além das dificuldades do último ano no que se refere ao ensino, também fomos afetados pelas dificuldades que os nossos familiares e amigos mais próximos passaram/passam. E, este ano, mais do que todos os outros, mostrou-nos como podemos ser impotentes nas nossas decisões.

E a impotência, como falta de liberdade para conseguir o que desejamos, foi o que nos deixou sufocados durante este ano! Por isso, importa mais uma vez reforçar que é normal que não tenhamos estado no nosso melhor. E não, não estamos a arranjar desculpas esfarrapadas. A verdade é que este ano foi mau, muito pior que qualquer outro pelo qual outras gerações passaram e, por isso mesmo, é preciso ter a consciência que foram os fatores externos que fizeram com que não tivessemos, por vezes, alcançado os resultados a que nos propusemos.

Ainda assim, em todo o mal existe bem, e podemos retirar deste ano ensinamentos valiosos, tais como: viver cada dia como se fosse o último e a importância e o orgulho de ser um estudante universitário!