
O século XXI, no que diz respeito ao mundo LGBT, tem sofrido grandes evoluções. A que mais se sobressai, acima de tudo, é a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. No entanto, a luta ainda vai a meio! Neste sentido, continua a ser importante dar voz contra a discriminação. E os movimentos estudantis LGBT são um bom exemplo disso mesmo.

Se tivermos em conta o progresso na liberdade e na igualdade de pessoas LGBT, verificamos que é uma luta recente. Por exemplo, a homossexualidade só deixou de ser classificada como uma doença a 17 de maio de 1990, há pouco mais de 30 anos.
Desde então, assinala-se a 17 de maio, o Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia.

Mas, apesar da evolução deste tema, continuam a existir fortes indícios de que a batalha está longe da vitória. Por exemplo, o relatório de 2019 sobre a discriminação contra pessoas LGBTI+, da ILGA Portugal, registou 48 crimes e 41 incidentes.
A noção de que a batalha está por vencer, e a consciência da ainda exclusão de pessoas com diferentes orientações sexuais ou identidades de género, não deixam indiferentes os movimentos estudantis LGBT.
Alguns movimentos estudantis LGBT
QueerIST do Instituto Superior Técnico de Lisboa
Nasceu em 2017 e não tem fins lucrativos. É composto por um grupo de estudantes que luta contra a discriminação em função da orientação sexual ou identidade de género.
Este movimento desenvolve várias atividades, abertas a toda as pessoas, que ajudam a aproximar a comunidade queer. Tais como: tertúlias, conversas, churrascos, piqueniques, sessões de cinema, tardes de convívio, entre outras.
“Pretendemos estimular a discussão e divulgar informação sobre a temática queer, promovendo a inclusão de membros desta comunidade, com o intuito de diminuir a discriminação em função da orientação sexual ou identidade de género” QueerIST
Além disso, o movimento atua em atividades fora da faculdade. Por exemplo, participando na Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa.
Letras Fora do Armário (L.F.A) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
O grupo é composto por estudantes universitários da Faculdade de Letras de Lisboa (FLUL).
Este movimento, que se assume como um núcleo LGBTQ+, tem o objetivo de fazer refletir os alunos da FLUL sobre temas que estão “dentro do armário”, como LGBTQ, feministas e liberdade sexual.
No entanto, o movimento afirma que:
“Embora o L.F.A tenha sido criado para dar visibilidade a estes temas, as nossas preocupações abrangem também questões dos direitos humanos em geral, dos animais e preservação da Natureza.”
NuPride, da Associação dos Estudantes da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
Este núcleo tem o objetivo de promover a discussão e a divulgação de informação sobre a temática LGBTQ+.
Além disso, o movimento não pensa apenas nos alunos de minoria sexual ou de género. Mas, importa-se também em criar uma comunidade académica mais informada e inclusiva.
“Pretendemos mostrar às pessoas que podem ser elas próprias, que devem ser felizes à sua maneira, sem medos nem receios”. NuPride
OutCiências, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Tal como os movimentos que foram referidos antes, este núcleo procura criar uma comunidade de estudantes mais informada.
Acima de tudo, procura promover o respeito pelas pessoas LGBT+.
Considerações sobre os movimentos estudantis LGBT
Por um lado, é importante referir que os movimentos estudantis LGBT se concentram em Lisboa. Numa pesquisa de norte a sul do país, a Rede não conseguiu identificar núcleos estudantis desta natureza noutras localidades.
Por outro lado, devemos ter em conta quando é que estes movimentos apareceram. Ou seja, são muito recentes, o que tem que ver com a mudança de mentalidades e com a evolução no sentido do respeito pela liberdade e pela igualdade de pessoas LGBT.
Portanto, começa-se a traçar um caminho positivo. Mas, com diferenças a nível geográfico.
No entanto, existem outras ações no seio do ensino, de norte a sul, que ajudam a combater a discriminação contra as pessoas LGBT. E, apesar de não serem preconizadas pelos estudantes, ajudam a melhorar as suas convicções.
Exemplos de outras ações em proteção das pessoas LGBT na comunidade estudantil
Faculdade de Psicologia e de Ciência na Educação da Universidade do Porto (FCEUP)
A FCEUP costuma desenvolver iniciativas que lutam contra a discriminação sobre as pessoas LGBTI+.
Por exemplo, em 2019, organizou um programa de comemoração, que aconteceu durante o mês de maio, do Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia (17 de Maio).
O programa começou com um diálogo sobre a “Intervenção e a Investigação LGBTI”, e terminou a 31 de maio com uma conferência sobre a violência contra as pessoas LGBT.
Formação em Orientação Sexual e Identidade de Género, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Esta formação dividiu-se em 7 dias, durante os meses de dezembro de 2020 e janeiro de 2021.
O principal objetivo era sensibilizar os futuros enfermeiros sobre as perspetivas e as necessidades das pessoas LGBT, de forma a eliminar as suas desigualdades sociais no acesso aos cuidados de saúde.
Entre os vários objetivos desta formação, aparece em primeiro lugar na apresentação do curso:
“Abordar a estigmatização das pessoas LGBT na sociedade e nos contextos de prestação de cuidados de saúde”.
ADD — Aliança da Diversidade
É um grupo de estudantes e professores que pretende acabar com a discriminação de sexo ou género, tornando as escolas mais seguras. Além disso, a ADD é um projeto da ILGA Portugal.

O objetivo deste grupo é muito claro:
“O principal objetivo é a integração social da população lésbica, gay, bissexual, trans e intersexo (LGBTI) e das suas famílias em Portugal. Queremos garantir a melhoria da sua qualidade de vida, através da luta contra a discriminação em função da orientação sexual, da identidade de género e características sexuais, sempre promovendo a cidadania, os Direitos Humanos e a igualdade de género.”
A luta contra a discriminação das pessoas LGBT começa nas escolas e nas universidades. E os movimentos estudantis LGBT estão num bom caminho. Mas, para que a luta seja vencida, é preciso que haja um esforço por parte de todos. E o esforço é, neste caso, a educação.
Por isso, faz a tua parte! E sensibiliza os outros a fazerem a sua! Se assim for? Estaremos a evoluir num bom caminho!