
A entrada na idade adulta representa, para muitos, o despertar para a sociedade e é nesta altura que, enquanto estudantes universitários, iniciamos a nossa relação com a política.
Segundo Aristóteles ‘’o Homem é por natureza um animal político’’. Isto significa que o Homem necessita de viver em comunidades organizadas, rodeado por cidadãos que coabitam em sociedade, alcançando a plena felicidade apenas caso exista socialização.
Assim, a partilha revela-se fundamental para o bem-estar social: a sociedade necessita do Homem e, como tal, também o Homem necessita da sociedade.
Desde sempre que a política está intimamente ligada a praticamente tudo o que acontece no mundo. Mas o que significa política? De um modo muito breve, a ideia de política, definida nos primórdios da Grécia Antiga, define-se como aquilo que se relaciona com os elementos e grupos sociais constituintes da Pólis, o que nos tempos contemporâneos é equivalente a uma cidade-estado.
No fundo, a política acontece quando os cidadãos se reúnem, debatem, cooperam, socializam, se revoltam. Só assim conseguem desenvolver constantemente a sua vida urbana, tentando alcançar as mudanças ou a estabilidade que pretendem.
A política é essencial para o desenvolvimento enquanto ser, e um dos lugares onde mais se entoam vozes de mudança e desejos férteis de um mundo constantemente melhor (de acordo com as conceções e ideais de cada humano ou grupo de humanos) é precisamente nas Academias, Faculdades e Universidades pelo mundo afora.
Os Estudantes Universitários e a Política
Vários foram os movimentos revolucionários e reformistas iniciados pelos estudantes das mais diversas áreas de estudo. Recordo-me imediatamente de dois desses movimentos:
- O primeiro, o movimento de Maio de 1968, em França, teve origem numa gigante onda de protestos e contestação iniciada por estudantes. Sob a liderança de Daniel Cohn-Bendit, mais de 20.000 estudantes marcharam, exigindo reformas na educação. Este movimento levou à maior greve geral perpetuada na Europa, com a adesão de cerca de 9 milhões de pessoas. Nesta altura, os trabalhadores juntaram-se aos estudantes e o movimento tomou porporções que fizeram tremer o governo de Charles De Gaulle. O resultado? A greve acabou depois de convocarem eleições para Junho do mesmo ano e de aumentarem os salários dos trabalhadores em greve;
- Em segundo lugar, a crise académica de 1969, que teve lugar em Coimbra. Foi na cidade do conhecimento que vários estudantes, liderados por Alberto Martins, se uniram contra o impedimento da utilização da palavra aquando da inauguração do Edifício das Matemáticas. Este acontecimento foi o culminar de uma luta que durava há meses, em que os estudantes reivindicavam pela democratização do ensino perante a ditadura salazarista. Liberdade era a palavra de ordem, num reflexo da agitação social dos anos 60. Este é o momento que despoleta o ativismo universitário como forma de oposição a um regime bafiento.
Motivações para a Participação Política dos universitários
É precisamente o almejar pela mudança, o desejo pela utopia, a ligação em sociedade e a tentativa de garantir um futuro melhor – tanto para a nossa geração como para as gerações que de nós surgirão -, que desperta a atenção dos estudantes universitários para a política. Este interesse, por sua vez, leva à promoção de associações e ligações interpessoais a nível político entre jovens, principalmente em idade universitária.
A diversidade de ideais e a interconectividade entre os diversos jovens promove o debate, elevando constantemente a democracia e a pluralidade de opiniões. São estas opiniões que, por sua vez, constituem uma matriz e um poço fundamental de ideias para aqueles que dirigem o lugar em que habitamos.
Gerações diferentes equivalem a necessidades distintas das mais diversas políticas. Se somos nós o futuro, quem melhor para compreender as nossas conceções, necessidades e apelos?
Outro dos principais motivos que leva os jovens a aderir aos mais diversos pólos políticos é o sentimento de integração e enriquecimento pessoal.
A necessidade de aceitação e compreensão por parte de outras pessoas e o sentimento de pertença a um grupo leva à formação dos movimentos estudantis. Daqui surgem associações e núcleos académicos, assim como pequenos grupos partidários e politizados que vão surgindo pelas mais diversas faculdades. Nestes grupos, os jovens conseguem encontrar pessoas que também ambicionam por mudanças, partilham os mesmos gostos e se unem para encontrar novos pontos de referência. É nestes grupos que jovens se juntam porque acreditam que são capazes de transformar o fado do destino.
A política (também) é um assunto de gente jovem!
O jovem é um ser naturalmente revolucionário com elevada crença em situações por vezes utópicas, assim como outras tantas exequíveis. Apesar disso, muitas destas crenças são desvalorizadas por aqueles que se encontram no poder e pertencem a outras gerações.
Aqui, é sabido que a existência de barreiras entre os mais jovens e os mais velhos é um problema de há muitos anos ainda por resolver. Isto acaba por enobrecer ainda mais o facto de pessoas tão jovens se unirem a causas tão nobres e, muitas das vezes, extremamente importantes, seja a nível económico, ambiental, social, entre outras…
A importância da diversidade na Política
É importante enriquecer a nossa mente. Para isso, temos de assegurar que estamos fora de uma bolha opinativa convergente, na qual não reside elevação de debate nem se acrescenta qualquer ponto às nossas capacidades de visualizar o mundo.
Que debatamos sempre com a máxima elevação; que, por mais diferenças ideológicas que existam face aos nossos pares, compreendamos que somos jovens, românticos incansáveis a nível político, e a ambição por um futuro melhor é superior a tudo aquilo que nos separa. Não residimos meramente dentro do preto ou do branco, mas sim numa espécie de cinzento com nuances mais suaves e outras mais intensas.
Madalena Caldeira Batanete
(aluna universitária de 1º ano, Ciência Política, ISCSP-UL)
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