
Acabou, no dia 30 de Junho, o mês do orgulho LGBTQIA+, mas isso não é razão para esmorecer na defesa da igualdade, que tem que existir durante o ano inteiro!
O mês de Junho de 2021 ficou marcado pelas tomadas de posição de associações e instituições por todo o mundo, mas houve especial destaque para o papel do futebol neste tema.
Afinal, Junho de 2021 foi, também, o mês do Euro 2020, que tinha sido adiado devido à pandemia. Ao mesmo tempo, a Hungria aprovava uma lei discriminatória, atentando contra os direitos LGBTQIA+.
Ora, se esta ofensa por parte da Hungria teve direito a resposta – maioritariamente institucional – por parte da União Europeia, foi no futebol que estalou a polémica.
Logo no primeiro jogo contra Portugal, o capitão da equipa alemã, Manuel Neuer, usou uma braçadeira com as cores da bandeira LGBT. Esse comportamento foi alvo de inquérito por parte da UEFA, que indicou que a exibição de símbolos LGBTQIA+ poderia significar a violação dos estatutos da organização.

Polémica seguinte: Face à situação Húngara, o município de Munique submeteu à UEFA um pedido para iluminar a Alllianz Arena, onde viria a acontecer o jogo do EURO 2021 entre a Alemanha e a Hungria, com as cores da bandeira LGBT.
O pedido foi recusado, tendo motivado, posteriormente, a UEFA a emitir um esclarecimento onde alegava que “face aos seus estatudos, [a UEFA] é uma organização neutra a nível político e religioso. Assim, dado, o contexto político deste pedido específico – uma mensagem que se destina [a contestar] uma decisão do Parlamento Nacional Húngaro – a UEFA informa que declina o mesmo.” Ainda assim, a UEFA alterou o seu logo para que este passasse a mostrar as cores da bandeira LGBT.
Nos dias subsequentes, em Portugal, dois dos maiores clubes do nosso país – Sporting e Benfica – publicaram, nas suas redes sociais, uma foto onde o seu símbolo contrastava com a bandeira LGBT, num claro sinal de apoio da igualdade e dos direitos LGBTQIA+.
Direitos LGBTQIA+ não são mais que os direitos que assistem à população em geral. O movimento assinala, apenas, que há direitos que ainda não assistem à comunidade LGBTQIA+ , mas que já são conferidos a outras pessoas. E não me refiro apenas a direitos concedidos na lei, mas também aquilo que ainda se passa na nossa sociedade.
Milhares de jovens têm medo de “sair do armário”, com medo de serem discriminados. É um direito desses jovens não terem medo de assumir a sua sexualidade. Porém, enquanto a sociedade recriminar um beijo entre um casal homossexual, enquanto o tema “pais ou mães homossexuais” for tabu, enquanto ser “gay” significar ser menos homem ou ser “lésbica” significar ser menos mulher, há ainda caminho a percorrer no que toca à igualdade.
Ao fazer estas montagens, os clubes de futebol viram a controvérsia a estalar nas caixas de comentários das redes sociais; no entanto, os clubes contribuíram, também, para desmistificar o movimento LGBTIQA+, mostrando que o direito ao amor deve ser universal.

O melhor é que esta mensagem chegou a uma população muito abrangente: afinal, o futebol atrai adeptos que são jovens, velhos, do litoral, do interior, com maior escolaridade, com menor escolaridade, adeptos mais progressistas e outros mais conservadores.
Por isso mesmo, termino Junho com a noção que ainda há muitos direitos que são negados à comunidade LGBTQIA+ e, sobretudo, que ainda há um grande trabalho que temos pela frente, enquanto sociedade.
Mas fico otimista: O movimento LGBTQIA+ saiu finalmente do armário e reclama, perante todos, por oportunidades e direitos iguais. E a sociedade, em geral, tem vindo a ganhar sensibilidade para este tema.

Acredito que a nossa geração também tenha contribuído para isso: Somos mais tolerantes e respeitadores da diferença. Entendemos que cada pessoa tem o direito a ser verdadeira a ela mesmo. Tirando algumas exceções, este é mais um dos fatores que me deixa animado.
Pela igualdade de direitos durante todo o ano!
Espreita também o nosso artigo sobre os núcleos defensores dos direitos LGBTQIA+ que existem nas universidades portuguesas!