
O que estamos todos a precisar é de ir para os copos. Não é de ir beber uma cerveja, quase às escondidas, ao final da tarde. É mesmo ir para os copos a sério. Festa rija da aldeia, em que ficamos perante outros semelhantes, em carne e osso, despidos de preconceitos.
Estamos a precisar de ir para os copos
Precisamos de apanhar uma piela à moda antiga, que é como quem diz à 2019. Uma piela em que até aqueles conhecidos que não vão muito com a cara um do outro acabam a noite a cantar o hino do curso e a competir para ver quem é que acaba o fino em primeiro.
Precisamos de sentir o nevoeiro de terra que se levanta depois de um festival de Verão para nos inebriarmos com a emoção que é viver sem a ânsia de querermos outra coisa senão aquele momento.
Precisamos de reunir os amigos e ficar sentados numa esplanada a almoçar, lanchar e a jantar – tudo no mesmo dia. E, nesse dia, erguer brindes à felicidade e agradecer as coisas boas da vida.
Ou então chular aquele amigo que tem casa com piscina para fazer um churrasco, daqueles em que a cerveja escorrega como água e sabe a amizade. No fim, é ver os sorrisos que se somam e as cumplicidades que se multiplicam e se tornam o ingrediente base para amizades que hão-de durar a vida toda.
Bolas, estamos a precisar de ir para os copos e também daquele “copo a mais” para sermos capazes de abrir o coração e ficar a falar sobre a vida até ao raiar do sol. De chorar e fazer o luto de um ano não vivido. De um ano perdido.
Afinal, somos seres humanos
É irónico, mas é urgente lembrar, mais que nunca, que o habitat do ser humano não é a tela de smartphone. O nosso habitat é em comunidade, na troca de olhares, sorrisos e, até, galhardetes. Por isso, quando diziamos, em Março’20 , que íamos sair desta m*rda mais humanos, que a humanidade ia sair mais forte, que ia ficar tudo bem,… Esquecemo-nos que a humanidade só sai reforçada com a proximidade. E que a nossa felicidade mora no convívio com os outros.
Se as chamadas, videochamada, mensagens, stories e o diabo a 7 vieram atenuar a falta que faz a convivência em sociedade e a saudade,… Nao há nada que substitua aquele sentimento e sensação que só temos na vida real, “se eu morresse aqui e agora, morreria feliz”.